domingo, 17 de janeiro de 2010

A invençao da Mentira

Assisti um filme ontem, que vi num forum. A estreia foi em outubro do ano passado e por algum motivo nunca chegou nos cinemas daqui.
Pois é, baixei em torrent, aproveitando a pesquisa de outros titulos. A premissa é interessante e acho que vale o comentario.

The Invention of lying (A invençao da mentira)

Sinopse: A história se ambienta em um mundo alternativo onde a mentira não existe. Mark (Gervais) descobre possuir a capacidade de manipular a verdade e começa a usá-la, claro, para seduzir uma bela mulher (Jennifer Garner).
Elenco: Ricky Gervais, Jonah Hill, Jennifer Garner, Tina Fey, Jason Bateman, Patrick Stewart, Rob Lowe.

Imagine um mundo sem mentira. Nao porque as pessoas sao honestas ou certinhas demais para tal, mas elas simplesmente nao sabem mentir.
Imagine viver numa sociedade em que todos dizem exatamente o que pensam, o que querem e o que acham o tempo todo, sem medo de magoar, aborrecer, agradar ou serem mal interpretados.

O filme começa de um modo curioso: Mark (interpretado por Ricky Gervais, o Michael do The Office Britanico) tem um encontro com uma moça e fica de busca-la em casa. Ele chega mais cedo e ela atende a porta apressada, arrumando o vestido. Ele acha estranho e pergunta se ela esta pronta.

-Ahn, nao! Sabe o que é, eu fiquei com vontade de me tocar, voce chegou mais cedo do que deveria e eu tive que parar. Voce poderia esperar ai no sofá? Eu ainda estou com vontade e queria terminar o que comecei...

Enquanto isso Mark espera sentado no sofá a mocinha terminar de fazer "o serviço" e como a situaçao ja ta tosca o suficiente fica puxando assunto.

Ela finalmente conclui e eles saem para comer. Ja no restaurante a mae da mocinha liga e pergunta como esta o encontro. Ela responde sentada de frente pra ele na mesa:

-Ahn, ele é legal, mas...É gordo. E feio. E tem um trabalho horrivel. Nao vai rolar nada. Nao, nem um beijo, credo!

Somos conduzidos com esse discurso o tempo todo, entao Mark é despedido e obrigado a ir no banco sacar o que lhe resta para pagar as ultimas contas. A caixa pergunta quanto ele tem guardado e ele mente o valor, sem querer. Sim, foi um impulso nervoso que o fez trocar de valor. Como todos só falam a verdade a caixa confere o valor no sistema. Ve que teoricamente ele tem menos, porem pensa que foi um erro no sistema e confia na palavra de Mark, que recebe um valor muito maior do que de fato tem.

Assim ele começa a refletir que mentir tras beneficios, afinal nao há prova contra ja que todos só conhecem a verdade e nao importa o que ele disser ou fazer: ninguem ira duvidar.

É interessante porque explora alguns pontos em especial:

-Antes dele mentir a vida era ruim. Nao apenas pra ele, todos ao seu redor tinham a vida horrivel, que inclui: a mocinha futil, um vizinho suicida que diariamente ameaça se matar, sua secretaria que é muito mais capacidade que a maioria dos funcionarios da empresa, a mae que mora num asilo, o melhor amigo que nao tem emprego e passa o dia bebendo...É impressionante como nao conhecemos um só personagem realmente feliz e realizado.

-A falta de critica. Durante toda a projeçao conhecemos apenas UM casal que briga, e mesmo assim sao coadjuvantes: ela porque nao aguenta mais e quer terminar e ele porque fica cada vez mais apaixonado por ela nao querer. O resto nao se dá ao trabalho de discutir. Nunca.
Eles simplesmente aceitam a vida ruim como ela é. Sabe o que parece? Que nao ha motivo para sequer conversar, que a vida é inutil.
Falar somente a verdade torna tudo um saco.

-Mark fala uma grande mentira da maneira mais inocente do mundo: sua mae esta no leito de morte, agoniada, com medo de todo o processo. Ele pra aliviar a dor comenta de como é a vida apos a morte.
Sim, ele inventa as coisas para que sua mae nao fique tao assustada.
O detalhe: alguns medicos ouviram a versao e levaram a serio. Muito a serio.

O que temos na proxima cena é toda a populaçao em frente a casa de Mark querendo saber como ele sabe daquelas coisas.

E aí que começa o climax. O cara nao para de mentir. Pra nós sao coisas basicas, maneiras diferenciadas de se pensar na morte: "Ahn, pessoas boas vao pro ceu, tem sorvete liberado o tempo todo, cada um tem sua propria casa, voce pode fazer o que quiser e tals...". Aquele discurso que todos ja ouvimos.

A diferença é que NÓS sabemos que é apenas uma maneira de aliviar as coisas. Eles só conhecem a verdade. Se alguem fala algo, nao tem como ser em falso.

O que acontece? Algo similar ao caos. Pessoas param de trabalhar, nao vem mais motivos para ter responsabilidades, largam a vida. Afinal morrer é vantagem! Pra que fazer algo nesta vida se na morte sera tudo muito melhor?

A unica coisa que realmente muda quando o filme acaba é a visao da mocinha, que queria a todo custo casar com um cara necessariamente bonito e rico, para que fosse benefico para os filhos.
É assim, ideia fixa. Ela ate gosta do Mark, eles viram melhores amigos, mas evita ao extremo qualquer tipo de intimidade por ele ter o nariz feio e ser gordo. É, ela usa essas palavras.

A moral é simples: a mentira é necessaria. Ninguem pode falar a verdade o tempo todo porque nada é perfeito. A mentira nos torna toleraveis e por incrivel que pareça, pessoas melhores. Porque a partir do momento que nos damos ao trabalho é porque nos preocupamos em magoar.

Falar a verdade é consequencia de encarar as coisas do modo real. No filme é ser infeliz.
Mentir porem é ter visao, é perceber como as coisas podem vir a ser.

O filme é muito bacana. Sei que na pratica nao funciona assim e é uma visao utopica, mas e se fosse desse jeito? E se todos fossem verdadeiros em relaçao a tudo o tempo todo? Será que aguentariamos?

Entenda que falar a verdade é diferente de ser honesto e fazer o CERTO.
Quem tiver oportunidade (leia-se torrent), aconselho a assistir. O filme é gostoso e muito bom, bem desenvolvido, Ricky Gervais é genial.












Fica a dica! d:-D

3 comentários:

Unknown disse...

Pareceu tão legaaaaal! Genial, adorei a ideia!
Será que acho uma legenda em português??
Achei filosófico, vou indicar pro Eros xD

Queen of Madness disse...

Eu sou sincera 90% do tempo, falo a verdade e conquisto o ódio das pessoas....¬¬

laro, aprendi que, dizer pro Ogro que eu jamais me casaria com alguem feito ele é ruim, aí manero nas coisas.... nesses casos, tambem não minto, apenas dou um sorriso e fico quieta...
É melhor que mentir, pior ainda, do que falar a verdade...

Bruna Trovão disse...

fiquei curiosa pra ver o filme, com certeza vou alugar pra assistir, é um ponto de vista interessante, mas apesar de tudo odeio mentiras